terça-feira, 17 de novembro de 2015

DUPLA FACE




Sou duas ! E o tempo à me bulir
rasga-me a face e me divide em duas
pingando as tintas no tapete ocre
bebo os sabores que ele traz na boca...

Esqueço o repertório desgastado
Onde o falar de amor tão necessário
à sombra da fumaça se perdeu
mas vejo que sou duas nessa vida...

E bipartida e torturada insisto nisso
ser duas e ainda assim ser mascarada
porque gosto de inventar a fantasia
e te apalpar a pele à cada dia...

E o tempo à me bulir diz que sou duas
e no avesso do meu corpo me divido
um pouco em mim um pouco nos porões
e no reverso o verso diz que sim...
Sou duas!


Dorothy de Castro